domingo, 15 de novembro de 2009
VOCÊ SABE O QUE É FORRÓ?
Há quem queira acreditar que a palavra forró vem do inglês "for all" (para todos). Tudo bem, quem quiser acreditar que acredite, mas pra mim isso é conversa pra boi dormir. Só falta dizer que foram os ingleses que inventaram o forró.
Quando eles chegaram ao Brasil, com a Great Western, para construir estradas de ferro, no início do século XVIII, o forrobodó já existia, assim como o pagode, o samba e o arrasta-pé - que eram expressões para designar as festas populares movidas à música, dança e aguardente. O forrobodó, por ser uma palavra nascida no Nordeste, foi que deu origem à palavra forró. O primeiro registro data de 1733, num jornal chamado O Mefistófolis (o satanás), no número 15: "Parabéns ao Dr. Artur pelo grande forró realizado em sua casa..." .
A construção das estradas de ferro no Nordeste deu origem, também, a algumas palavras do nosso vocabulário como baitola, que vem de bitola; sulipa ("dei uma sulipa nele"), vem de sliper (dormente) e algumas outras que não me recordo agora.
O forró também não é um gênero de música, como muitos pensam. Se observarmos um disco de forró, por exemplo, vamos encontrar vários gêneros musicais como côco, xote, xaxado, marchinhas, baião etc. Forró é o coletivo da musicalidade popular do nordestino, a junção da música que vem da sanfona, da zabumba e do triângulo, originalmente, com a cachaça e a dança. Se você diz: "vai ter forró lá em casa", todo mundo vai ficar sabendo que a festa vai ter essas características e vai ser legal.
Vários artistas fizeram e fazem sucesso cantando e tocando essa música alegre e contagiante: Luís Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Almira Castilho, Marinês e sua Gente, Trio Nordestino, Jacinto Silva, Toinho de Alagoas, Biliu de Campina, Edmílson do Pífano, Dominguinhos, Alceu Valença, Fagner,Elba Ramalho etc. E vão surgir muitos outros, pois o forró é uma música verdadeira, que fica. Entra moda, sai moda e o forró tá lá (não confundir com o forró brega como Mastruz com Leite, Cavalo de Pau, Calcinha Prêta (olha o nome da banda!) e outras do gênero - que só tem o mérito de empregar vários músicos, bailarinos e técnicos num show de puro apelo sexual.
Pra mim, o forró mais gostoso de se ouvir é o pé-de-serra instrumental; cada vez mais raro, pois nos lugares aonde chegava para fazer shows, Luiz Gonzaga era muito procurado por sanfoneiros os quais, pra mostrar serviço, tocavam Tico-Tico no Fubá, Brasileirinho e outras similares, cheias de notas e de difícil execução. Seu Luiz olhava pra eles e dizia: "Sanfoneiro que não canta, não ganha dinheiro nem mulher". Essa postura influenciou muitos músicos bons. Pra mim isso é errado, pois esses instrumentistas tocam bem, mas cantam mal. Por outro lado, há aqueles que ainda dão mais ênfase ao forró instrumental quando gravam um disco. É o caso do grande sanfoneiro Duda da Passira. É comum nos discos de Duda encontrar apenas uma música cantada (normalmente, a última); todas as outras são instrumentais. Quando produzi o disco de Edmílson do Pífano, tive o cuidado de não o deixar cantar. Minha intenção era mostrar ao público a sua verdadeira arte: o dom de tocar aquele canudinho de bambu. O mesmo prazer e sensassão de alegria que sinto ao ouvir o pífano de Edmilson,
eu tenho quando escuto a voz ritmada de Jacinto Silva.
Grande parte da sociedade ainda não assimilou o forró. Acham que é música de pobre, de gentinha, que sanfona é instrumento de cego e coisas assim. Porém, não sabem o que estão perdendo. O forró é a dança mais sensual que já vi em minha vida. Aquele bate-coxa enlouquece qualquer um; a música é alegre e contagiante.
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Concordo plenamente, assino em baixo. O Forró não é um rítimo e sim um evento. É a reunião de pessoas que tocam e dançam vários rítimos da musica popular nordestina como: Xote, Xaxado, Côco,Baião,Rastapé(Quadrilha) e adjacências. Grande abraço!!!
ResponderExcluirFirmino.
Eu vou mostrar pra vocês como nasceu o forró:
ResponderExcluirFoi antes de padim Ciço; Foi antes de lampião; Antes de nascer o Cristo; Do batismo de João;
Antes de morrer por todos; Antes de repartir o pão;
É para todos da cidade; Para todos do sertão; Para os que preferem xote, samba, rock ou baião.
O inglês ali andava, sei se anda sei se não, botando trilhos no mundo, bem no fundo do sertão ferrovia para todos, leva uns e outros não, só a morte com certeza dá para todos condução.
É para todos de São Paulo e do Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Petrolina, Juazeiro. Alegria para todos, a tristeza sei se não. O inglês da ferrovia escreveu no barracão: For all, for all, for all... Foi então que o pau comeu. Nunca mais sentou o pó. Eu só sei que o povo leu: Forró, forró, forró, forró...
E veio o Jackson veio o Lua, veio Januário e Azulão. Severino não faltou, Democratas do baião. Foi o chêro na Carolina, foi subindo a gasolina, foi o trem e veio a Ford, mas só sei que o povo leu: Forró, forró, forró, forró
(Parte / For All Para Todos)
Olá! Meu nome é EDSON,
ExcluirEsse texto é seu Irmão?
Claro meu preclaro amigo Zé. Forró é forró e pronto. Sem muitas explicações. Muito bom seu artigo!
ResponderExcluirPrezado Zé da Flauta,
ResponderExcluirSou seu fã e desconhecia que tinha um blog! Cheguei aqui por acaso enquanto fazia uma busca pelas origens da palavra forró. O teu artigo é bastante esclarecedor e traz um dado novo para mim. Como posso ter acesso à publicação citada (O Mefistófeles)? Existe a possibilidade de conseguir uma cópia da página que contém a citação?
Agradeço antecipadamente,
Alan Romero
(Lisboa)