terça-feira, 17 de novembro de 2009

SISTEMATIZAÇÃO DO FREVO











O jazz tem a mesma idade do frevo, porém é muito mais conhecido e mais tocado em todo o mundo porque foi sistematizado na década de 20.
Quando fui coordenador de música da Secretaria de Cultura do Recife, segui um conselho do maestro Neneu Liberalquino e coloquei na mesa de discussões uma proposta para sistematização do nosso ritmo. Houve um interesse enorme por parte de todos, a idéia foi bem aceita no gabinete do prefeito, começou a ser desenvolvida, formou-se uma comissão, idéias pra lá, idéias pra cá, orçamentos etc. Mas aí, acabou o mandato e tudo foi de água abaixo, esqueceram. Falam em seguir com o projeto do Paço do Frevo, um prédio na Praça do Arsenal de 4 andares todo dedicado ao frevo, um projeto do qual participei de seu nascimento a convite da então secretária de Ações Estratégicas Lygia Falcão, junto a Neneu, Spok e Wellington Lima em parceria com a Fundação Roberto Marinho e o Governo do Estado, mas no processo da sistematização sumiu, pelo menos até o momento eu não ouvi falar! É uma pena lastimável!
Eu morro de vergonha quando um músico de fora chega aqui no Recife querendo aprender frevo. O único jeito é falar com um maestro que tenha uma orquestra e colocá-lo no meio dos músicos, pois aqui não tem uma escola de frevo. Aliás, tem uma a ESCOLA DE FREVO MAESTRO FERNANDO BORGES. Olhando assim, até parece uma escola de frevos mesmo, com nome de maestro e tudo, mas na realidade, de frevo ela não ensina nada, só leciona o Passo, que é a dança do frevo. Que erro grotesco! Essa escola na minha opinião deveria se chamar ESCOLA NASCIMENTO DO PASSO, pois Nascimento foi o maior passista que o frevo já viu e é exatamente nessa escola onde o passo nasce pra tanta criança. Nome melhor não conheço!
O frevo, que é nosso cartão postal sonoro, está precisando de métodos, livros didáticos, professores especializados, escolas e muito incentivo dos governos municipal, estadual e nacional. Quando isso vai chegar? O jazz hoje é a música popular mais tocada no mundo. E o frevo? Onde ficamos?
Temos em mãos um potencial de negócios locais e internacionais de primeira grandeza! Não aprendemos ainda a tirar proveito disso. Precisamos saber fazer o marketig certeiro do produto frevo.
Quero concluir dizendo o seguinte: O frevo é uma música imponente por natureza, tem um leque de possibilidades de aplicação no mercado além do período de Momo, sua harmonia é rica e convida naturalmente ao improviso. Assim como no carnaval, se tocada apenas como arte musical em outras épocas, transmite uma onda energética positiva que nem uma outra música no mundo consegue, isso é verdade, estou falando sério! É tudo que todos querem ouvir no mundo de hoje!

2 comentários:

  1. Está certíssimo! Enquanto tratarmos nossa cultura como pão e circo e não levar a sério, seremos sempre 3º mundo. O Frevo merece respeito!

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  2. O frevo sempre me fez viajar. Quando era pequeno e, estudava piano, babava ao ver o mestre Nelson Ferreira, tocando frevo em seu piano. Eu imaginava uma coisa totalmente impossível de se fazer, tocar frevo em um piano! Aprendi a tocar!Ele tocava e muito, era uma viagem deliciosava ouvir Nelson ao vivo, bem de pertinho. Tive o prazer de conhece-lo pessoalmente e, de freqüentar a sua casa.
    Portanto Zé, entro nas fileiras lideradas por você, para resgatar e defender tudo o que for pernambucano, principalmente o FREVO.

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