quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

HOMENAGEM A PAULO RAFAEL


GRANDE SHOW EM HOMENAGEM A PAULO PARAEL

SABADO 28 as 9h NO PÁTIO DE SÃO PEDRO

Paulo Rafael é um guitarrista de essência nordestina. É um grande responsável pela história da guitarra no Frevo, superando preconceitos e sempre inovando com arranjos e composições. Sua guitarra é ouvida com destaque nas edições da coleção Asas da América, nos discos de Alceu Valença e nos três discos solo de sua carreira.

Paulo também participou de várias bandas do movimento Udigrudi.

Os Rollings Stones do Nordeste: assim foi chamada a banda Ave Sangria. Era ainda o começo dos anos 70 e o apelido se referia não só ao som, mas também à atitude e o pendor para a confusão. Uma típica banda de rock, afinal. Mas nem tão típica assim.

Um pouco antes disso o movimento chamado depois de psicodelia pernambucana

Preparava o teereno para os que viriam o Phetus banda ocm proposta e sonoridade particular

Naqueles tempos de censura e vontade/necessidade de se quebrar moldes, surgia uma banda que ligava a aridez da terra com o novo do mundo. Uma ponte entre o Brasil conhecido e o Brasil estrangeiro. E uma ponte de arquitetura muito original, diga-se de passagem. E muito desse desenho, dessa forma nova, saia das mãos de seu guitarrista: Paulinho Rafael.

Depois de uma última temporada no tradicional Teatro Santa Isabel com o show Perfumes Y Baratchos - com direito a multidão na rua querendo entrar - a Ave Sangria viu sua curta e cultuada carreira chegar ao fim. O catalisador desse fim, mas também de um novo começo para aqueles eletrizantes músicos, se chamava Alceu Valença.

Alceu já namorava a banda há muito tempo até fazer o convite para que tocassem com ele no Festival Abertura da TV Globo. E a química aconteceu. A Ave Sangria não decidiu acabar, mas acabou naturalmente dando espaço para uma nova história na vida de todos. E principalmente na vida daquele jovem guitarrista criador de pontes do Recife.

Ao lado de Alceu Valença, Paulinho Rafael se tornou uma das maiores referências entre os guitarristas brasileiros, acompanhando o cantor em shows históricos como os das duas primeiras edições do Rock In Rio. E não só Alceu. A lista de artistas com quem Paulinho Rafael já tocou é um verdadeiro “quem é quem” da história da música recente feita no Brasil. De Zé Ramalho a Lobão, de Marina Lima a MPB 4, e tantos outros.

Vale lembrar que o seu trabalho com Alceu, misturando guitarras com maracatu, terra e eletricidade, foi a pedra fundamental para o surgimento de artistas como Chico Science e tantos expoentes da música recifense.

Como produtor e arranjador , deixou sua marca em clássicos como “Vaca Profana” de Gal Costa, ao lado de Marcio Lomiranda. Ao lado do mesmo Lomiranda, foi até tema de novela com “Margnificat” da sua também banda Rutila Máquina. Com o DVD “Marco Zero” de Alceu Valença, ganhou o Prêmio TIM.

As parcerias são muitas, os sucessos inúmeros, muitos mais do que cabem em um texto de introdução

Sempre empenhado em divulgar a riqueza da música pernambucana, Paulinho se cercou de um trio de músicos de primeira linha – ,ja tem três décadas dedicadas a musica

Tocando compondo e produzido tanto no Brasil como no exterior , com larga expereiencia em estúdios e nos palcos mundo afora

Saindo do Recife para ser consagrado como um dos maiores instrumentistas de sua geração e um verdadeiro monstro da guitarra, Paulinho Rafael fez aquela ponte do começo da carreira, ligando Brasil e o mundo inteiro, virar trem-bala.

Sempre empenhado em divulgar a riqueza da música pernambucana, Paulinho se cercou de um trio de músicos de primeira linha – ,ja tem três décadas dedicadas a musica

Tocando compondo e produzido tanto no Brasil como no exterior , com larga expereiencia em estúdios e nos palcos mundo afora

Saindo do Recife para ser consagrado como um dos maiores instrumentistas de sua geração e um verdadeiro monstro da guitarra, Paulinho Rafael fez aquela ponte do começo da carreira, ligando Brasil e o mundo inteiro, virar trem-bala.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

CONTRA A GUITARRA!

Passeata contra as guitarras elétricas
(do Largo de São Francisco ao Teatro Paramount).


Já se passou mais de quarenta anos que um dos eventos mais bizarros relacionados à ligação da cultura nacional com o combate a ditadura militar, e tudo que estivesse a ela aliada, se realizou: a passeata contra as guitarras elétricas. Essa ideia maluca de Geraldo Vandré - que na verdade era apenas uma forma de culpar Roberto Carlos e sua trupe pelo desinteresse do grande publico pela MPB e, conseqüentemente, pela baixa audiência do programa apresentado por Vandré na Rede Record, Frente Única, dedicado a MPB- resultou na mais estapafúrdia manifestação “antiimperialista” que já ocorreu na historia desse país. O “anti-imperialismo” se refere ao fato de que a intenção dos manifestantes era denunciar a “infiltração” da cultura Anglo-Saxônica (Norte-Americanos e Britânicos em geral) na cultura brasileira, invasão simbolizada pelo Rock n’ Roll e pelo seu principal instrumento: a guitarra elétrica. Dentre os participantes, figuras conhecidas e curiosas: Geraldo Vandré obviamente, Edu Lobo, MPB4, Jair Rodrigues, Elis Regina e Gilberto Gil.

Todo mundo sabe que, no tropicalismo, Gil se entregaria de corpo e alma a guitarra elétrica; Elis Regina utilizaria o “inimigo” com freqüência em seus shows que, muitas vezes, beiravam o Rock. Mas a curiosidade fica pelo fato de que a música de alguns puristas como Geraldo Vandré e Edu Lobo já contava com uma quantidade bem poderosa de influencia estrangeira. Os dois foram expoentes da segunda geração da Bossa Nova, gênero que, como diria Paulo Francis, é “50% Jazz”. Por mais que Vandré tenha tentado se afastar da influencia estrangeira da Bossa, não adiantou, é só ouvir algumas de suas músicas. Edu Lobo, por sua vez, nunca se distanciou da batida jazzística, suas composições confirmam aquilo que Francis disse: um equilíbrio entre o Samba e o Jazz. Procure a música "Borandá", ouça e veja se estou certo ou errado.

O mesmo estilo que era tão bem representado por Vandré e Lobo, já foi atacado por nacionalistas que, da mesma forma que os acima citados afirmavam sobre o Rock e a Guitarra elétrica, falavam que era uma afronta a cultura nacional, uma contaminação que empobrecia a música brasileira e que curvava a cultura popular aos porcos imperialistas do norte.

Na época, o Brasil vivia o período mais “americano” de sua Historia. Era pleno período pós-segunda guerra, os norte-americanos eram propagados como tudo aquilo que o brasileiro sonhava ser: fortes, heróicos, poderosos, amorosos, bonitos, inteligentes e, principalmente, livres. Tudo que era bom para os americanos era bom para os brasileiros. Consumia-se tudo aquilo que estivesse relacionado aos EUA: do obvio cinema até, acredite se quiser, livros. Cenas de cinema em que os protagonistas degustavam livros de John dos Passos e William Faulkner maravilhavam os espectadores brasileiros, que corriam para as livrarias para comprar seus exemplares. Críticos da americanização do Brasil existiam logicamente, os mais radicais eram remanescentes do lado mais extremo do Estado Novo- estes protagonizaram a bizarra tentativa de substituição do Papai Noel por uma figura indígena.

Para essas figuras, não existia símbolo mais puro do nacionalismo brasileiro do que a diversidade musical brasileira: do sertanejo ao samba passando pela erudição tropical de Villa-Lobos. A Bossa Nova era, portanto, a gota da água contra o purismo nacionalista. Devem ter pensado os nacionalistas: “como podem um bando de fanáticos por Frank Sinatra misturar o nosso amado samba com este sub-produto ianque”. Tom Jobim e João Gilberto eram constantemente alvos de criticas por sua influencia jazzística.

Passada mais ou menos uma década, foi à vez de Caetano Veloso ser visto como novo símbolo da contaminação ianque na música brasileira. Episodio que serviu mostrar que, se tratando de música, a esquerda é tão conservadora quanto à direita. O cenário foi o terceiro festival musical da Record; a platéia repleta de membros da UNE e outros estudantes universitários de esquerda, ainda animados com a passeata citada no inicio desse texto. Caetano subiu no palco acompanhado do grupo de Rock argentino Beat Boys. Logo trataram de mandar os primeiros acordes da música “Alegria, Alegria”. O barulho estridente da guitarra na introdução deve ter soado para os estudantes como um tri tono soaria para um bando de religiosos medievais. Não tardou para virem às vaias . Caetano respondeu: “Está e a juventude que quer tomar o poder? Se vocês forem em política como são em estética, estamos feitos”. O júri, que contava com figuras como o poeta Ferreira Gullar o humorista Chico Anízio e o cantor- e maior imitador de Roberto Carlos- Sergio Cabral, deu para Caetano o quarto lugar. Os estudantes não demoraram para taxá-lo como “alienado” e “cúmplice do imperialismo cultural”.

Caetano não foi o único atacado por “puristas” pelo uso da guitarra elétrica e do Rock n’ Roll misturados com a musica tradicional. No solo ianque, o mesmo que oferecia a munição para deixar os ultra-nacionalistas brasileiros, de esquerda e de direita, espumando pela boca, Bob Dylan, que na época era o cantor de Folk Music mais popular do pais e que atraia multidões para cantar hinos como “Blowin’ in the Wind” e “Mr. Tamborine Man”, chocou seus admiradores quando começou a misturar sua música Folk com, adivinhem só, a guitarra elétrica. O público era muito semelhante aquele que vaiou Caetano Veloso: estudantes universitários de esquerda. Os shows de Dylan passaram a ser acompanhados de vaias, arremesso de objetos para o palco e, inclusive, xingamentos como “Judas”. Apesar de excluírem a metáfora do imperialismo, os ouvintes de música Folk tradicional lembravam os “puristas” musicais brasileiros quando afirmavam que a guitarra elétrica era representante de um ritmo “alienado” ou desligado da critica as mazelas que afligiam a sociedade norte-americana naqueles tempos.

O que une Jobim, Caetano e Dylan é o fato de que todos eles foram alvo de ataques de conservadores, cada um no seu contexto histórico, que desejavam que a cultura fosse como um elemento isolado e que não se mistura-se com nenhuma forma suspeita, ou seja, foram vitimas do medo do desconhecido.