O exemplo da Paraíba
Secretário de Cultura da Paraíba desde o início do ano, o cantor e compositor Chico César bateu de frente contra o “forró plastificado” – o mesmo que o crítico musical deste JC José Teles chama de fuleiragem music. “O Estado não vai contratar nem pagar grupos musicais e artistas cujos estilos nada têm a ver com a herança da tradição musical nordestina, cujo ápice se dá no período junino. Não vai mesmo. Mas nunca nos passou pela cabeça proibir ou sugerir a proibição de quaisquer tendências. Quem quiser tê-los que os pague, apenas isso. O governo do Estado não pretende pagar duplas sertanejas, não pretende pagar forró de plástico”, decretou Chico César. Foi o estopim para a imprensa acusá-lo de patrulhamento ideológico e o assunto virar o maior babafá entre produtores, bandas e público.
Pernambuco deveria seguir o exemplo da Paraíba de Chico César. “Não há razão para o poder público financiar bandas que ganham tubos de dinheiro e fazem sucesso à custa de jabá e da apologia a violência, desrespeito a mulher, discriminação de minorias, e traduzem baixarias em refrões fácil de gravar”, como pontuou o secretário de Turismo e Eventos de Areia (PB), Ney Vital. Mas, pelo visto, estamos indo na contramão. Cada vez mais, o São João de Caruaru e de outras cidades do interior são realizados em benefício de meia dúzia de políticos e produtores, na base do “a cultura que se dane” e “o povo só quer diversão”.